quarta-feira, 21 de março de 2012

Segurança pública: um direito?


Diego Paulo de Oliveira Romualdo *

Perseguições policiais, “troca” de tiros, criminosos sendo presos e, no final, tudo se resolvendo na Delegacia de Polícia. É o novo tipo de programação que a televisão vem utilizando para dar destaque aos assuntos ligados à segurança pública. A antiga notícia sensacionalista sobre “o placar da morte” das cidades maiores e mais complexas passa a dividir espaço com um tipo de diversão mórbida, na qual um policial com câmera faz com que o telespectador se sinta dentro da ocorrência, enquanto assiste à TV. Infelizmente, a arte de transformar o sofrimento alheio em entretenimento tem deixado as pessoas cada vez menos sensíveis aos problemas do próximo.
Nessa forma de raciocinar, logo as pessoas são levadas a pensar que os problemas que atingem a comunidade em que elas vivem não são problemas delas mesmas. E é aí que toda uma comunidade corre o risco de se condenar ao abandono. As construções que se encontram abandonadas na rua de baixo passarão a ser um problema só de quem mora na rua de baixo. Se porventura, na esquina da minha rua também surgir um terreno baldio e sujo, vai ser um problema apenas dos vizinhos daquele terreno. Afinal de contas, pergunto, quando é que o problema vai ser meu?
Temos que aprender que a cidadania não é apenas exercício de direitos conquistados ou luta pelos direitos sonegados. A cidadania também cobra deveres das pessoas. E infelizmente, nessa parte da cartilha, nós brasileiros não somos muito bons.
A segurança pública é um direito de todos, mas não é só isso. É também um dever e responsabilidade de cada pessoa que integra uma comunidade. E no dia em que o cidadão compreender a importância dessa sua responsabilidade, passará a ocupar melhor os espaços públicos, eliminando os sinais de abandono. Cobrará atitude de seus vizinhos para que não deixem o portão aberto ou para que parem de conferir dinheiro na rua, após sair dos bancos e casas lotéricas. Um criminoso sempre procurará aquilo que custa menos trabalho e essas atitudes facilitam muito o trabalho dele. É o que chamamos de “lei do menor esforço”. E se o verdadeiro cidadão não se preocupar em assumir suas responsabilidades, estará criando oportunidades para que o criminoso seja bem sucedido em suas ações.
E em um país onde todos perguntam “onde tudo isso vai parar”, temos como resposta que a Segurança Pública é, também, uma responsabilidade de todos e não um direito, apenas.

(*) Tenente da Polícia Militar e Comandante da 41ª Companhia de Polícia Militar, responsável pelo policiamento de 43 bairros, dentre eles, o bairro Boa Vista.

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