Afinal, quem foi Elias Cruvinel?

 

Da esq. para dir., os filhos de Elias Cruvinel: Alvina, Altina, Arlinda, Maria Rita, Antenor, João, Belarmino, Illídio, Vigilato

Paulo Borges

Patrono da principal avenida do bairro Boa Vista, Elias Cruvinel ainda é figura pouco conhecida pelos moradores da região e da própria cidade de Uberaba. Fazendeiro de renome, o Major Elias Cruvinel, como era conhecido, viveu e trabalhou na cidade entre o final do século XIX e início do século XX. Apesar disso, poucos são os relatos oficiais e documentados sobre sua vida.

Nem mesmo no famoso requisitado Google, foi possível encontrar informações precisas sobre a vida do fazendeiro.

Apesar do pouco tempo para realização da pesquisa e por acreditar que este deveria ser o primeiro patrono a ser publicado neste jornal, a equipe do BOA VISTA EM FOCO, realizou pesquisas no Arquivo Público de Uberaba, Câmara Municipal e ouviu historiadores e moradores do bairro para tentar descobrir um pouco mais sobre Elias Cruvinel.

No Arquivo Público, foi localizado o inventário produzido após sua morte. Neste documento, datado de 15 de fevereiro de 1910, a reportagem confirmou que Elias casou-se duas vezes, sendo a primeira vez com Rita de Cássia dos Santos Cruvinel. Com ela, o major teve sete filhos – Vigilato, Maria, Illídio, Arlinda, Altina, Alvina e Belarmino.

Após a morte da primeira esposa, Elias Cruvinel casou-se em segunda núpcia com a senhora Maria da Glória Cunha Cruvinel, com quem teve dois filhos, João e Antenor Cruvinel.

Além de fazendeiro, dono de grandes propriedades rurais e imóveis na cidade, Elias Cruvinel também fez parte do Corpo de Jurados de Uberaba, onde atuou até a sua morte, em 8 de janeiro de 1910.

“Meu avô era muito festeiro”

Na foto, Nestor Cruvinel, neto de Elias Cruvinel, enquanto contava histórias da família.

Entre um levantamento de informação aqui e uma conversa descontraída ali, a equipe do BOA VISTA EM FOCO conheceu alguns integrantes da família Cruvinel. Apesar de solícitos, os descendentes do major Elias Cruvinel pouco puderam informar sobre a vida do patrono da principal avenida do bairro Boa Vista. A falta de documentos e o passar do tempo dificultaram a obtenção de informações precisas. No entanto, tal trabalho de pesquisa levou a reportagem até a casa do senhor Nestor Cruvinel Borges, neto de Elias Cruvinel com a senhora Rita de Cássia dos Santos Cruvinel.

Nestor é filho de Alvina Cruvinel Borges e Edmundo Borges Araújo, também patrono de uma rua na cidade. Aos 90 anos e com a memória em ótimo estado, também foi fazendeiro, além de trabalhar como caminhoneiro e mascate do Zebu, no início do século passado. Dentre suas várias habilidades, ele lembra com orgulho o cargo de aplicador oficial de injeções nos moradores das fazendas da região. “Eu aplicava bem, nunca tive medo dessas coisas”, conta, orgulhoso.

Sobre o avô, Nestor lembra poucas e interessantes passagens no tempo em que este morava na fazenda Beira Rio. “Ele era muito festeiro e tinha muitos amigos. Porém, minha mãe contava que ele era festeiro de família e não de ficar saindo sozinho. Ele chegava em casa e mandava todos se prepararem para a festa. Numa dessas vezes, uma das filhas acabou tendo que ir para a festança com o vestido alinhavado, devido a pressa do vovô, que dançava a noite inteira”, relembra, sorrindo.

Já em uma sessão do júri, do qual ele fazia parte, outra passagem interessante. “Houve um dia em que meu avô veio para a cidade, debaixo de chuva e a cavalo, chegando meio atrasado. Para não perder mais tempo, acabou apenas colocando a capa sobre o arreio e entrou de esporas no estabelecimento. O juiz não gostou e chamou sua atenção. Sem titubear, meu avô respondeu: ‘Não sabia que um par de esporas incomodava tanto’”, revela Nestor. (PB)